quarta-feira, 6 de abril de 2016

DESAFIOS DO CONTROLE DA BROCA-DO-CAFÉ FOI TEMA DE ENCONTRO TÉCNICO NA REGIÃO CERRADO MINEIRO

A Acarpa – Associação dos Cafeicultores da Região de Patrocínio promoveu um encontro técnico com consultores em cafeicultura na tarde de primeiro de abril, onde foram pontuadas questões sobre a eficiência do controle da broca-do-café na Região do Cerrado Mineiro. Foram 65 participantes que compartilharam suas experiências no campo e, relataram exemplos positivos e pontos que consideraram preocupantes no controle da praga. As considerações e dúvidas foram avaliadas e respondidas pelo Profº Júlio César de Souza, entomologista e pesquisador da Epamig Café.

Experiências positivas

Entre os pontos que os consultores consideraram práticas positivas para um controle eficiente da broca-do-café, foi consenso o monitoramento das lavouras como ferramenta para acompanhar e apontar o melhor momento para início das aplicações de defensivos. Foi relatado o uso de armadilha que identifica o período de trânsito da broca e auxilia no controle da praga.

Foi considerado e, reafirmado pelo Profº Júlio César, que é fundamental uma colheita e pós colheita bem feitas, evitando frutos remanescentes nas plantas e no chão.  Estes grãos permanecendo em um ambiente úmido é condição ideal de proliferação da broca. Profº Júlio César alertou que em cafeeiros irrigados os índices de presença da broca são maiores em relação ao sequeiro.

O uso dos princípios ativos aprovados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) demonstraram ser eficazes, contudo com menor eficiência em comparação ao Endosulfan, que tinha cerca de 87% de eficiência segundo Epamig Café. A utilização de fontes biológicas, como o beauveria bassiana, também apresentou resultados positivos. Consultores pontuam que outra aplicação eficiente foi a composição de clorpirifós associado a um desalojante (enxofre e/ou óleo de laranja). Houve relatos do uso de pulverização eletrostática.

Fatores críticos

O principal questionamento foi quanto ao período correto de início da aplicação de defensivos. Profº Júlio César orientou que primeiramente é fundamental o monitoramento de cada talhão. Com adoção de uma planilha, serão feitas anotações e o acompanhamento da evolução da infestação da broca (pragueiro).

O professor ponderou que o monitoramento seja iniciado a partir de 90 dias da maior florada, estendendo-se até 140 dias. Justifica-se que neste período o grão mantém uma umidade média de 86%, fator que dificulta a penetração da broca na semente. Quando o grão atinge 78% de umidade a broca consegue se alojar na semente e fazer oviposição. Nesta fase a infestação atingindo um índice de até 5%, aconselha-se o início do controle químico.

Foi dúvida comum recomendações sobre tecnologias de aplicação, a exemplo de qual a velocidade ideal para o pulverizador, ou, qual o volume indicado da calda. Tais questionamentos demostram a necessidade de mais informações sobre manejo da broca entre consultores, produtores e colaboradores de fazendas.

A presença de bicho mineiro e a infestação de lagartas nos cafezais do Cerrado Mineiro levaram a discussão sobre desequilíbrios dos agentes naturais. Profº Júlio César afirmou ter observado que as mudanças climáticas ocorridas nos últimos anos influenciam diretamente no comportamento das pragas e doenças. O clima também foi a justificativa para as desuniformidades das floradas nas últimas safras.

Ainda foram citados como fatores de preocupação o uso de produtos clandestinos para controle da broca; os custos elevados dos novos princípios ativos no mercado; a periculosidade para saúde humana do uso de dosagem acima do recomendado dos princípios ativos autorizados e, a baixa qualidade dos grãos brocados que afetam diretamente na rentabilidade dos produtores.

Pontos convergentes    

            Os participantes avaliaram como positivo o Encontro Técnico de Consultores em Cafeicultura. Foi sugerido que seja implantado um modelo padrão de monitoramento para Região do Cerrado Mineiro. Destacou-se a necessidade de mais informações quanto ao manejo de controle da broca-do-café, principalmente para os princípios ativos presentes no mercado.

   Os participantes compartilharam suas experiências no
controle da broca-do-café

Consultores que atuam em vários municípios da
Região do Cerrado Mineiro deram sua contribuição para evento






Após a dinâmica de compartilhamento, um representante de
cada grupo fez o resumo dos assuntos tratados.

Profº Júlio César da Souza, entomologista e pesquisador
pela Epamig Café fez as considerações de esclarecimento
de dúvida dos participantes.


Além do debate Profº Júlio César apresentou
materiais visuais de identificação de pragas
Quadro de evolução da broca-do-café

Marcelo Queiroz (pres. Acarpa), Profº Júlio César (Epamig)
e Marcelo Montanari (cafeicultor)

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