A
Acarpa – Associação dos Cafeicultores da Região de Patrocínio promoveu um
encontro técnico com consultores em cafeicultura na tarde de primeiro de abril,
onde foram pontuadas questões sobre a eficiência do controle da broca-do-café
na Região do Cerrado Mineiro. Foram 65 participantes que compartilharam suas
experiências no campo e, relataram exemplos positivos e pontos que consideraram
preocupantes no controle da praga. As considerações e dúvidas foram avaliadas e
respondidas pelo Profº Júlio César de Souza, entomologista e pesquisador da
Epamig Café.
Experiências positivas
Entre
os pontos que os consultores consideraram práticas positivas para um controle
eficiente da broca-do-café, foi consenso o monitoramento das lavouras como
ferramenta para acompanhar e apontar o melhor momento para início das
aplicações de defensivos. Foi relatado o uso de armadilha que identifica o
período de trânsito da broca e auxilia no controle da praga.
Foi
considerado e, reafirmado pelo Profº Júlio César, que é fundamental uma
colheita e pós colheita bem feitas, evitando frutos remanescentes nas plantas e
no chão. Estes grãos permanecendo em um
ambiente úmido é condição ideal de proliferação da broca. Profº Júlio César alertou
que em cafeeiros irrigados os índices de presença da broca são maiores em
relação ao sequeiro.
O
uso dos princípios ativos aprovados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA) demonstraram ser eficazes, contudo com menor eficiência em
comparação ao Endosulfan, que tinha cerca
de 87% de eficiência segundo Epamig Café. A utilização de fontes biológicas,
como o beauveria bassiana, também
apresentou resultados positivos. Consultores pontuam que outra aplicação
eficiente foi a composição de clorpirifós associado a um desalojante (enxofre
e/ou óleo de laranja). Houve relatos do uso de pulverização eletrostática.
Fatores críticos
O
principal questionamento foi quanto ao período correto de início da aplicação
de defensivos. Profº Júlio César orientou que primeiramente é fundamental o
monitoramento de cada talhão. Com adoção de uma planilha, serão feitas
anotações e o acompanhamento da evolução da infestação da broca (pragueiro).
O
professor ponderou que o monitoramento seja iniciado a partir de 90 dias da
maior florada, estendendo-se até 140 dias. Justifica-se que neste período o
grão mantém uma umidade média de 86%, fator que dificulta a penetração da broca
na semente. Quando o grão atinge 78% de umidade a broca consegue se alojar na
semente e fazer oviposição. Nesta fase a infestação atingindo um índice de até
5%, aconselha-se o início do controle químico.
Foi
dúvida comum recomendações sobre tecnologias de aplicação, a exemplo de qual a
velocidade ideal para o pulverizador, ou, qual o volume indicado da calda. Tais
questionamentos demostram a necessidade de mais informações sobre manejo da
broca entre consultores, produtores e colaboradores de fazendas.
A
presença de bicho mineiro e a infestação de lagartas nos cafezais do Cerrado
Mineiro levaram a discussão sobre desequilíbrios dos agentes naturais. Profº
Júlio César afirmou ter observado que as mudanças climáticas ocorridas nos
últimos anos influenciam diretamente no comportamento das pragas e doenças. O
clima também foi a justificativa para as desuniformidades das floradas nas
últimas safras.
Ainda
foram citados como fatores de preocupação o uso de produtos clandestinos para
controle da broca; os custos elevados dos novos princípios ativos no mercado; a
periculosidade para saúde humana do uso de dosagem acima do recomendado dos
princípios ativos autorizados e, a baixa qualidade dos grãos brocados que afetam
diretamente na rentabilidade dos produtores.
Pontos convergentes
Os participantes avaliaram como
positivo o Encontro Técnico de Consultores em Cafeicultura. Foi sugerido que
seja implantado um modelo padrão de monitoramento para Região do Cerrado Mineiro.
Destacou-se a necessidade de mais informações quanto ao manejo de controle da
broca-do-café, principalmente para os princípios ativos presentes no mercado.
Os participantes compartilharam suas experiências no controle da broca-do-café |
Consultores que atuam em vários municípios da Região do Cerrado Mineiro deram sua contribuição para evento |
Após a dinâmica de compartilhamento, um representante de cada grupo fez o resumo dos assuntos tratados. |
Profº Júlio César da Souza, entomologista e pesquisador pela Epamig Café fez as considerações de esclarecimento de dúvida dos participantes. |
Além do debate Profº Júlio César apresentou materiais visuais de identificação de pragas |
Quadro de evolução da broca-do-café |
Marcelo Queiroz (pres. Acarpa), Profº Júlio César (Epamig) e Marcelo Montanari (cafeicultor) |
Nenhum comentário:
Postar um comentário