A Região do Cerrado
Mineiro é reconhecida mundialmente pela qualidade de seus cafés, a tecnologia
empregada na cafeicultura e, principalmente pelos empreendedores que constroem
essa história. São diversos personagens que desde a década de 1970 fizeram da
região uma referência em cafés de qualidade, produtividade e sustentabilidade.
Wagner Ferrero |
Um destes personagens é
Wagner Crivelente Ferrero, que diz que o café está no sangue, pois é uma
cultura tradicional em sua família. Ele é administrador do Grupo Ferrero que
coleciona prêmios pela qualidade dos cafés produzidos, especialmente os de
origem da Fazenda Pântano, no Cerrado Mineiro, localizada entre os municípios
de Patrocínio e Coromandel.
Em 2016, foi o primeiro
colocado na categoria cereja descascado no IV Prêmio Região do Cerrado Mineiro,
promovido pela Federação dos Cafeicultores do Cerrado. No 13º Concurso de
Qualidade dos Cafés de Minas Gerais, promovido pela Emater-MG, classificou-se
na categoria cereja descascado em primeiro e segundo lugar na região do Cerrado
Mineiro. Obteve a maior produtividade no Programa DuPont Colheita Farta Café
2015/2016, com produtividade média de 139 sacas por hectare.
Segundo Wagner ver o
trabalho de um ano inteiro ser reconhecido, é tudo o que se deseja na vida.
Acredita que tais concursos trazem visibilidade, abrindo portas no mercado
internacional de café. “O concurso e leilão realizados pela Federação promovem
a Região do Cerrado Mineiro, traz reconhecimento mundial aos produtores. E
nosso nome está lá”, diz.
“PRODUZIR
CAFÉ DE QUALIDADE NÃO É DIFÍCIL, PRECISA APENAS DE CAPRICHO”
Produzindo cafés de alta qualidade o Grupo
Ferrero consegue se destacar no segmento. Investir em pesquisa e
desenvolvimento de variedades com bebida superior é um dos pilares deste
negócio. Há 20 anos, Wagner acompanha de perto a seleção das variedades
cultivadas na Fazenda Pântano. Para isso, mantém parcerias com universidades,
Epamig e empresas do setor.
“O café de qualidade é
reconhecido no mundo inteiro e agrega valor. Ninguém trabalha de graça. Na
época das ‘vacas magras’, quando poucos produtores tinham café, nós vendemos
por preço melhor e, assim vamos conseguindo sobreviver na cafeicultura. Esse é
o futuro!”, revela Ferrero.
O produtor se considera
perfeccionista, por isso, atender a demanda dos compradores se tornou uma
obsessão. Wagner tem a consciência de que a demanda é diversa, diz que cada
região do mundo prefere um tipo de café diferente. “Ninguém gosta de uma coisa
só. Eu sou produtor de matéria-prima, então tenho que produzir o que eles
querem comprar, se pagam bem por uma variedade nova, vamos investir nisso”
afirma.
“ACHO
QUE DEVEMOS EVOLUIR”
A família Ferrero tem
origem italiana. Instalaram-se em Altinópolis/SP, região cafeeira reconhecida
como Alta Mogiana. Foi ali que Wagner cresceu e se apaixonou pelo cultivo do
café, anos depois veio para o Cerrado Mineiro e viu que tinha chances de
expandir. Ele acredita que a região é um
grande diferencial do seu negócio. “Aqui no Cerrado Mineiro encontrei uma
cafeicultura empresarial e empreendedora. Os produtores são empresários de
café, na minha região a cafeicultura é mais tradicional”, revela.
Ele reafirma que a região
presa por qualidade e novas variedades de café. Justica-se assim que a maior
parte de sua produção venha desta região, são 550 hectares plantados. Na
Fazenda Pântano, são produzidas 148 variedades, entre elas Catuaí Amarelo,
Ibarê, Topázio, Caturra, Acaiá e duas variedades exclusivas, a UVA (IAC 125) e
o Bourbon Amarelo (LC30-10). O que se pesquisa e produz não fica apenas na
fazenda, as sementes são comercializadas e o conhecimento adquirido
compartilhado com a comunidade cafeeira.
Wagner se recorda que foi
um dos produtores precursores no Cerrado Mineiro ao investir em qualidade. Cita
a Cerrad Coffee e a ILLY como empresas que enxergaram o potencial do Cerrado.
“Acho que devemos evoluir. O café é reconhecido graças a alguns produtores que
investiram e cresceram no Cerrado como José Carlos Grossi, por exemplo. A minha
geração começou em um segundo patamar. A geração de produtores que chega agora
já tem uma base sólida construída para que possam progredir daí” reafirma.
“A
TERRA É UM LEGADO“
“Eu falo sempre que a
terra é um legado, a natura é um bem que temos que cuidar. Não podemos estragar
aquilo que recebemos, temos que deixá-la melhor para as futuras gerações”. Este
depoimento resume o pensamento de Wagner quando questionado sobre
sustentabilidade.
O Grupo é reconhecido por
este trabalho. Em 2014, foram premiados pela Revista Globo Rural que justificou
a classificação pelas cinco certificações socioambientais internacionais do
Grupo, o mínimo uso de defensivos químicos e o investimento no projeto de
reaproveitamento de águas das chuvas na Fazenda Pântano.
Wagner completa que não
apenas o meio ambiente deve ser preocupação do produtor, mas cuidar dos
funcionários é importante. Ressalta sua atenção com a rastreabilidade. “A
rastreabilidade que é o futuro do mundo, com surgimento de doenças novas você
tem que usar produtos com menor toxidez para não agredir a saúde”.
Em seu conceito, Wagner
finaliza acrescentando a parte econômica como fundamental na sustentabilidade
do negócio. “Nenhuma fazenda que está no vermelho consegue produzir um produto
sustentável. Os recursos financeiros dão subsídios para se fazer tudo o que é
necessário” pontua.
Com esta visão Wagner nos
demonstra que além da paixão, o produtor deve ter profundo conhecimento do seu
negócio. A saúde econômica é fundamental para a estruturação das propriedades.
Os parceiros como associação, cooperativas, empresas, entidades pesquisa e
desenvolvimento, serão as bases para que projetos saiam do papel. O mercado vai
sinalizar os potenciais do negócio. Se manter e crescer na cafeicultura exige
dedicação, é o que nos ensina Ferrero.
Vista aérea Fazenda Pântano. Foto Orleno Criações |
Matéria ilustrada na edição de janeiro de 2017 do Informativo Acarpa