quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

CAFEICULTOR: SAIBA COMO MONITORAR E CONTROLAR A BROCA-DO-CAFÉ COM EFICIÊNCIA

O controle da broca-do-cafeeiro tem sido um grande desafio aos cafeicultores desde 2013. O monitoramento e acompanhamento dos cafezais é um exercício contínuo e de extrema importância. Em parceria com Prof. Júlio César de Souza, um dos principais pesquisadores sobre o tema, publicaremos informações de orientação aos cafeicultores. Os artigos são edições de circulares técnicas da Embrapa – Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais. 

INTRODUÇÃO

A broca-do-café, Hypothenemus hampei (Ferrari, 1867) (Coleoptera: Scolytidae), é considerada a se­gunda praga mais importante na cultura do cafeeiro. Ocorre em todas as regiões produtoras de café do Brasil. No entanto, em razão do uso de maiores espaçamentos adotados na moderna cafeicultura brasileira a partir da constatação da ferrugem em 1970, o controle da broca, via mecanização, tornou-se fácil, rápido, seguro, eficiente e econômico. Além disso, maiores espaçamentos contribuíram para reduzir a infestação, por pro­porcionar maior arejamento nas lavouras. Contudo, atenção especial deve ser dada a plantios adensados, onde as infestações da referida praga podem ser maiores, além de dificultar o controle químico. Assim, em todos os sistemas de plantio, em especial nos adensados, o controle cultural deve ser realizado, por meio da colheita bem-feita.

MONITORAMENTO E CONTROLE

O controle químico da broca com o inseticida deve ser realizado em nível de talhões, como resultado do seu monitoramento. Assim, o cafeicultor só aplicará inseticida nos talhões onde a infestação da broca atingir 3% a 5% ou mais de frutos broqueados. Desse modo, o monitoramento da broca disciplina o uso de inseticida por talhões, evitando a sua aplicação em toda a lavoura sem necessidade.

Para que o cafeicultor possa realizar racionalmente o controle da broca a cada ano, é apresentada uma planilha a ser utilizada no seu monitoramento. No campo, deverá ser usada e preenchida uma planilha para cada talhão homogêneo de cafeeiro.

Para o preenchimento da planilha, no monitoramento da broca, devem-se escolher aleatoriamente 30 plantas no talhão. Em cada planta escolhida, visualizar 60 frutos em seis pontos, ou seja, dez frutos por ponto, sem os coletar. Os dez frutos devem ser observados em diversos ramos e rosetas. Assim, os pontos 1, 2 e 3 serão respectivamente saia, meio e topo de um lado da planta, e o 4, 5 e 6, respectivos a saia, meio e topo, do outro lado da planta. Nos dez frutos observados por ponto, serão contados os broqueados, cujo total será anotado na planilha, correspondente a cada ponto observado. Proceder da mesma maneira nas outras 29 plantas.

Preenchida a planilha no campo, somam-se separadamente todos os frutos broqueados de cada ponto (1, 2, 3, 4, 5 e 6), anotando o resultado no subtotal nas colunas. A seguir, somam-se todos os subtotais de frutos broqueados das colunas, este resultado será o total de frutos broqueados (TFB) nas 30 plantas escolhidas e observadas. O valor encontrado, anotado na planilha, ao ser dividido por 18 (fator fixo), dará diretamente a porcentagem de infestação no talhão. Se o valor encontrado for igual ou superior a 3% e 5% de frutos broqueados, deve-se realizar a pulverização no talhão.


INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES

A) ao utilizar uma planilha em cada talhão, serão observados 1.800 frutos (6 pontos de dez frutos = 60 x 30 plantas = 1.800 frutos);
B) o monitoramento deve-se iniciar na “época de trânsito” da broca, que ocorre de novembro a janeiro, ou seja, três meses após a primeira grande florada;
C) no monitoramento são observados frutos chumbos e chumbões, totalmente aquosos (86% de umi­dade) da primeira grande florada. A broca apenas os perfurará, sem colocar ovos. Os ovos só serão colocados 53 dias após, com as sementes já tendo uma certa consistência, alimento ideal para as larvas do inseto;
D) o monitoramento deve ser realizado mensalmente até março;
E) em lavouras irrigadas, as infestações da broca são maiores;
F) em geral, o controle químico, em termos de média, é realizado em 30% da lavoura. Em lavouras irrigadas, esse índice pode ser maior;
G) a broca não ocorre em nível de controle em lavouras novas, dispensando, nesse caso, o monitora­mento;
H) em lavouras em renque (fechadas nas linhas), para facilitar o caminhamento na realização do moni­toramento, podem-se considerar três pontos na planta de um lado e três pontos na planta do outro lado, na mesma rua;
I) em lavouras com plantas de menor porte, o número de pontos observados pode ser reduzido para quatro (metade inferior e metade superior da planta, nos dois lados), ou dois pontos (de um lado e de outro da planta). No caso de ser reduzido para quatro pontos, dividir o TFB por 12 e no caso de ser reduzido para somente dois pontos na planta, um de cada lado, dividir o TFB por seis;
J) fazer muitas cópias da planilha para tê-las à disposição, quando no monitoramento;
L) Em caso de dúvida na realização do uso da planilha para o monitoramento da broca, buscar orienta­ção e assistência técnica.

Júlio César de Souza / Paulo Rebelles Reis / Rogério Antônio Silva, Circular Técnica nº67, setembro/2009.

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