O controle da broca-do-cafeeiro tem sido
um grande desafio aos cafeicultores desde 2013. O monitoramento e
acompanhamento dos cafezais é um exercício contínuo e de extrema importância.
Em parceria com Prof. Júlio César de Souza, um dos principais pesquisadores
sobre o tema, publicaremos informações de orientação aos cafeicultores. Os
artigos são edições de circulares técnicas da Embrapa – Empresa de Pesquisa
Agropecuária de Minas Gerais.
INTRODUÇÃO
A broca-do-café, Hypothenemus hampei (Ferrari,
1867) (Coleoptera: Scolytidae), é considerada a segunda praga mais importante
na cultura do cafeeiro. Ocorre em todas as regiões produtoras de café do
Brasil. No entanto, em razão do uso de maiores espaçamentos adotados na moderna
cafeicultura brasileira a partir da constatação da ferrugem em 1970, o controle
da broca, via mecanização, tornou-se fácil, rápido, seguro, eficiente e
econômico. Além disso, maiores espaçamentos contribuíram para reduzir a
infestação, por proporcionar maior arejamento nas lavouras. Contudo, atenção
especial deve ser dada a plantios adensados, onde as infestações da referida
praga podem ser maiores, além de dificultar o controle químico. Assim, em todos
os sistemas de plantio, em especial nos adensados, o controle cultural deve ser
realizado, por meio da colheita bem-feita.
MONITORAMENTO
E CONTROLE
O
controle químico da broca com o inseticida deve ser realizado em nível de
talhões, como resultado do seu monitoramento. Assim, o cafeicultor só aplicará
inseticida nos talhões onde a infestação da broca atingir 3% a 5% ou mais de
frutos broqueados. Desse modo, o monitoramento da broca disciplina o uso de
inseticida por talhões, evitando a sua aplicação em toda a lavoura sem
necessidade.
Para que o cafeicultor possa realizar
racionalmente o controle da broca a cada ano, é apresentada uma planilha a ser utilizada
no seu monitoramento. No campo, deverá ser usada e preenchida uma planilha para
cada talhão homogêneo de cafeeiro.
Para o preenchimento da planilha, no
monitoramento da broca, devem-se escolher aleatoriamente 30 plantas no talhão.
Em cada planta escolhida, visualizar 60 frutos em seis pontos, ou seja, dez
frutos por ponto, sem os coletar. Os dez frutos devem ser observados em
diversos ramos e rosetas. Assim, os pontos 1, 2 e 3 serão respectivamente saia,
meio e topo de um lado da planta, e o 4, 5 e 6, respectivos a saia, meio e
topo, do outro lado da planta. Nos dez frutos observados por ponto, serão
contados os broqueados, cujo total será anotado na planilha, correspondente a
cada ponto observado. Proceder da mesma maneira nas outras 29 plantas.
Preenchida a planilha no campo, somam-se
separadamente todos os frutos broqueados de cada ponto (1, 2, 3, 4, 5 e 6),
anotando o resultado no subtotal nas colunas. A seguir, somam-se todos os subtotais
de frutos broqueados das colunas, este resultado será o total de frutos
broqueados (TFB) nas 30 plantas escolhidas e observadas. O valor encontrado,
anotado na planilha, ao ser dividido por 18 (fator fixo), dará diretamente a
porcentagem de infestação no talhão. Se o valor encontrado for igual ou
superior a 3% e 5% de frutos broqueados, deve-se realizar a pulverização no
talhão.
INFORMAÇÕES
COMPLEMENTARES
A) ao utilizar uma planilha em cada
talhão, serão observados 1.800 frutos (6 pontos de dez frutos = 60 x 30 plantas
= 1.800 frutos);
B) o monitoramento deve-se iniciar na
“época de trânsito” da broca, que ocorre de novembro a janeiro, ou seja, três
meses após a primeira grande florada;
C) no monitoramento são observados
frutos chumbos e chumbões, totalmente aquosos (86% de umidade) da primeira
grande florada. A broca apenas os perfurará, sem colocar ovos. Os ovos só serão
colocados 53 dias após, com as sementes já tendo uma certa consistência,
alimento ideal para as larvas do inseto;
D) o monitoramento deve ser realizado
mensalmente até março;
E) em lavouras irrigadas, as infestações
da broca são maiores;
F) em geral, o controle químico, em
termos de média, é realizado em 30% da lavoura. Em lavouras irrigadas, esse
índice pode ser maior;
G) a broca não ocorre em nível de
controle em lavouras novas, dispensando, nesse caso, o monitoramento;
H) em lavouras em renque (fechadas nas
linhas), para facilitar o caminhamento na realização do monitoramento,
podem-se considerar três pontos na planta de um lado e três pontos na planta do
outro lado, na mesma rua;
I) em lavouras com plantas de menor
porte, o número de pontos observados pode ser reduzido para quatro (metade
inferior e metade superior da planta, nos dois lados), ou dois pontos (de um
lado e de outro da planta). No caso de ser reduzido para quatro pontos, dividir
o TFB por 12 e no caso de ser reduzido para somente dois pontos na planta, um
de cada lado, dividir o TFB por seis;
J) fazer muitas cópias da planilha para
tê-las à disposição, quando no monitoramento;
L) Em caso de dúvida na realização do
uso da planilha para o monitoramento da broca, buscar orientação e assistência
técnica.
Júlio
César de Souza / Paulo Rebelles Reis / Rogério Antônio Silva, Circular Técnica
nº67, setembro/2009.
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